elaboração e execução: Erly Ricci e Silzi Mossato
texto: Silzi Mossato
fotos: Erly Ricci e Silzi Mossato
Difícil obter uma foto
da mão do artista, sem trêmulos ou sombras. A velocidade dos clicks
não acompanham a velocidade dos dedos que agitam o instrumento. Mas
depois de inúmeras tentativas, em dois encontros distintos,
acertamos o foco. Postamos o resultado ao lado daquelas imperfeitas,
pois na imperfeição, a agilidade do instrumentista é revelada.
Poro, Jairo, Mamangava |
Poro, Mestre Zeca, Aorélio Domingues |
Durante mais de 30
horas de permanência na Casa Mandicuera acompanhamos as idas e
vindas de Poro de Jesus, que atravessava a arrumação do espaço
para apresentações da Tato Criação Cênica com participação
nas cantorias dos demais frequentadores. Entrava na roda com a
alegria de menino que entra na brincadeira predileta e, com o mesmo
humor, a deixava para cumprir com a tarefa do final de semana. Num
desses intervalos apresentou o outro lado de sua arte: a produção
de instrumentos e tamancos, em tamanho padrão e em miniaturas
repletas de detalhes.
Eloir Paulo Ribeiro de
Jesus, o Poro, integra o grupo que faz a gestão do Ponto de Cultura
Casa Mandicuera, toca fandango com habilidade de mestre e produz no
Atelier Rodrigo Domingues que compõe a associação. O adufo e a
caixa são seus instrumentos, tanto para tocar quanto para produzir.
Mas nas miniaturas reproduz também os instrumentos de corda e o faz
com tal cuidado que pode-se arrancar sons dos pequenos objetos.
No segundo encontro Poro retornava da Ilha de São Miguel. Na noite anterior havia tocado no Baile de Fandango que marcou o encerramento da Romaria do Divino, mantida pela Casa Mandicuera sob coordenação do parceiro Aorélio Domingues. Na ocasião, estava em Morretes para outro baile,promovido pela ACAMFAM, Associação recém-criada por músicos morretenses, frequentadores das aulas de instrumentos da Casa Mandicuera. Mas as atividades fandangueiras diferem das produções a que estamos acostumados. A reunião para o barreado regado a “Mãe cá Filha' (cachaça com melado) que antecedeu ao baile, logo descambou para roda de fandango. E em roda de fandango, violeiros, rabequeiros, tocadores de percussão fazem revezamento sem escalas, com naturalidade e bom humor. Na ocasião, enquanto experimentávamos a parceria e o companheirismo raro que marca o grupo, conseguimos o registro fotográfico pretendido. Mas ele é um detalhe, apenas um detalhe, deste parnanguara, que na simplicidade de seus afazeres, faz a diferença na Ilha do Valadares e região.
Esse grandalhão na verdade como bem destacou a matéria realmente é um menino que faz do seu trabalho e do seu oficio as coisas mais sagradas e lindas, como uma joia rara, agua mais pura da fonte. Eu e minha esposa fomos conhecer esse lugar encantado e o menino Poro nos recepcionou com brilho nos olhos falando e nos mostrando seu trabalho ao lado do amigo e companheiro Aorélio.Uma pessoa doce e feliz com aquilo que faz. Linda materia, e que faz justiça a uma pessoa que dedica sua vida a cultura de sua terra. Que o Divino Espírito Santo te encha de graça, querido amigo!
ResponderExcluirVerdade pura. Se título da matéria poderia ser "Pequenos objetos na arte do grande Poro de Jesus", faria mais jus à essa alma belíssima.
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